O AMBIENTE DOS SEUS SONHOS

Marcos Pontes
18/04/2007

Na busca da realização dos sonhos, o conhecimento e a análise do ambiente estão entre as primeiras providências.
O ambiente compreende tudo o que envolve, física e conceitualmente, os protagonistas do projeto. No caso da missão operacional, analisamos o alvo, o equipamento, as baterias antiaéreas, radares, mapas, etc. Para nossos projetos de vida, devemos considerar o objetivo principal, os objetivos intermediários, os possíveis obstáculos, todos os equipamentos necessários, as instituições, as pessoas, as tendências, o tempo, a dinâmica, as capacidades, as vulnerabilidades, os riscos e as alternativas. Em outras palavras, precisamos analisar todo o “cenário” que envolve a execução do projeto.
Logicamente, nunca dispomos de um “mapa” preciso e detalhado da situação atual de todos esses elementos, muito menos podemos prever com exatidão como esses cenários irão se transformar durante o período de planejamento e execução da missão, ou enquanto você faz planos e trabalha para conquistar os seus sonhos. Em todo caso, quanto maior for o nosso conhecimento inicial sobre o ambiente, quanto melhor for a nossa percepção às mudanças do mesmo ao longo da missão, menos surpresas teremos ao longo da nossa caminhada e menores alterações de planejamento ocorrerão. Portanto, vale a pena investir nessa investigação e gastar algum tempo na análise inicial. Por outro lado, atenção para não cair na “faixa confortável” e ficar só no planejamento, utilizando a desculpa do “ainda não está perfeito” para justificar a falta de coragem para dedicar-se, de corpo e alma, para colocar em prática as suas idéias. Quando começar então? Essa é uma questão difícil, pois precisamos “sentir” o momento. Um início precipitado, sem as informações necessárias, é o começo usual de muitos fracassos. Já a espera prolongada desnecessária causa perda de oportunidades e baixa eficiência. O surfista diria que é preciso saber pegar a onda correta!
Portanto, o próprio estudo do ambiente é essencial para decidir quando “colocar a mão na massa!”.
Começamos o estudo do ambiente analisando nossos objetivos. Como sugestão, traduza seu grande sonho em apenas uma frase escrita em um pedaço de papel. Guarde na sua carteira e leia pelo menos uma vez por semana. Agora, imagine que não existem obstáculos e riscos entre a situação inicial e a realização dos seus ideais. Qual seria o melhor caminho? Aquele que dependa só do seu esforço para chegar lá? O que é necessário para que você percorra esse caminho?
Nesse momento, o que você está fazendo é simplesmente definir um planejamento preliminar do seu projeto. O planejamento detalhado será feito mais tarde. Uma vez que você tenha essa idéia inicial, você deve identificar todos os elementos que, de alguma forma, “envolvem” esse caminho. Depois, estude todas as informações disponíveis sobre cada um deles. Saiba detalhes das estruturas das instituições, das lições aprendidas nas suas histórias, dos seus objetivos específicos, etc. Como os seus objetivos podem ser alinhados com os objetivos dos seus possíveis parceiros?
E sobre equipamentos? Normalmente precisamos interagir com algum tipo de “ferramenta” para termos maior eficiência. Por exemplo, quando falamos de uma missão espacial, precisamos ter, e conhecer muito bem, a espaçonave e seus sistemas. Ela é uma das nossas “ferramentas”. Traduzido para a realização do nosso sonho de vida, precisamos definir quais serão as “ferramentas” que utilizaremos ao longo da execução dos nossos planos. Do mesmo modo que outros elementos do ambiente, também precisamos aprender tudo sobre elas. Suas limitações, capacidades, operação, obtenção, etc. O treinamento para sua utilização será coberto no estudo das interfaces.
Uma vez conhecidos os elementos básicos da trajetória desejada (seu planejamento preliminar ideal), você deverá simular como eles poderão interagir no caso específico na dinâmica desejada. Isto é, como todos eles irão trabalhar em conjunto durante a execução do seu projeto. Nesse estudo devem ser identificados possíveis obstáculos, riscos, falhas, pontos de atenção, tempo mínimo de execução, desalinha mentos, etc. Pense em possíveis soluções e alternativas. Contudo, lembre-se, você pode alterar itens de planejamento e objetivos intermediários segundo os riscos e dificuldades previsíveis, mas mantenha sempre o objetivo final. Atenção para não cair na tentação da “desistência fácil”. Aquilo que caracteriza as pessoas fracas de propósito que desistem dos seus sonhos perante aos menores obstáculos. Seja persistente! Uma batalha só termina quando um dos lados desiste de lutar!
Na próxima semana continuaremos com o estudo dos fatores iniciais na busca dos seus sonhos!

Marcos Pontes
Colunista, professor e primeiro astronauta profissional lusófono a orbitar o planeta, de família humilde, começou como eletricista aprendiz da RFFSA aos 14 anos, em Bauru (SP), para se tornar oficial aviador da Força Aérea Brasileira (FAB), piloto de caça, instrutor, líder de esquadrilha, engenheiro aeronáutico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), piloto de testes de aeronaves do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), mestre em Engenharia de Sistemas graduado pela Naval Postgraduate School (NPS USNAVY, Monterey - CA).

A reprodução deste artigo é permitida desde que seja na íntegra e que seja citada a fonte: www.marcospontes.net