Na busca da realização dos sonhos, o conhecimento
e a análise do ambiente estão entre as primeiras
providências.
O ambiente compreende tudo o que envolve, física e
conceitualmente, os protagonistas do projeto. No caso da missão
operacional, analisamos o alvo, o equipamento, as baterias
antiaéreas, radares, mapas, etc. Para nossos projetos
de vida, devemos considerar o objetivo principal, os objetivos
intermediários, os possíveis obstáculos,
todos os equipamentos necessários, as instituições,
as pessoas, as tendências, o tempo, a dinâmica,
as capacidades, as vulnerabilidades, os riscos e as alternativas.
Em outras palavras, precisamos analisar todo o “cenário”
que envolve a execução do projeto.
Logicamente, nunca dispomos de um “mapa” preciso
e detalhado da situação atual de todos esses
elementos, muito menos podemos prever com exatidão
como esses cenários irão se transformar durante
o período de planejamento e execução
da missão, ou enquanto você faz planos e trabalha
para conquistar os seus sonhos. Em todo caso, quanto maior
for o nosso conhecimento inicial sobre o ambiente, quanto
melhor for a nossa percepção às mudanças
do mesmo ao longo da missão, menos surpresas teremos
ao longo da nossa caminhada e menores alterações
de planejamento ocorrerão. Portanto, vale a pena investir
nessa investigação e gastar algum tempo na análise
inicial. Por outro lado, atenção para não
cair na “faixa confortável” e ficar só
no planejamento, utilizando a desculpa do “ainda não
está perfeito” para justificar a falta de coragem
para dedicar-se, de corpo e alma, para colocar em prática
as suas idéias. Quando começar então?
Essa é uma questão difícil, pois precisamos
“sentir” o momento. Um início precipitado,
sem as informações necessárias, é
o começo usual de muitos fracassos. Já a espera
prolongada desnecessária causa perda de oportunidades
e baixa eficiência. O surfista diria que é preciso
saber pegar a onda correta!
Portanto, o próprio estudo do ambiente é essencial
para decidir quando “colocar a mão na massa!”.
Começamos o estudo do ambiente analisando nossos objetivos.
Como sugestão, traduza seu grande sonho em apenas uma
frase escrita em um pedaço de papel. Guarde na sua
carteira e leia pelo menos uma vez por semana. Agora, imagine
que não existem obstáculos e riscos entre a
situação inicial e a realização
dos seus ideais. Qual seria o melhor caminho? Aquele que dependa
só do seu esforço para chegar lá? O que
é necessário para que você percorra esse
caminho?
Nesse momento, o que você está fazendo é
simplesmente definir um planejamento preliminar do seu projeto.
O planejamento detalhado será feito mais tarde. Uma
vez que você tenha essa idéia inicial, você
deve identificar todos os elementos que, de alguma forma,
“envolvem” esse caminho. Depois, estude todas
as informações disponíveis sobre cada
um deles. Saiba detalhes das estruturas das instituições,
das lições aprendidas nas suas histórias,
dos seus objetivos específicos, etc. Como os seus objetivos
podem ser alinhados com os objetivos dos seus possíveis
parceiros?
E sobre equipamentos? Normalmente precisamos interagir com
algum tipo de “ferramenta” para termos maior eficiência.
Por exemplo, quando falamos de uma missão espacial,
precisamos ter, e conhecer muito bem, a espaçonave
e seus sistemas. Ela é uma das nossas “ferramentas”.
Traduzido para a realização do nosso sonho de
vida, precisamos definir quais serão as “ferramentas”
que utilizaremos ao longo da execução dos nossos
planos. Do mesmo modo que outros elementos do ambiente, também
precisamos aprender tudo sobre elas. Suas limitações,
capacidades, operação, obtenção,
etc. O treinamento para sua utilização será
coberto no estudo das interfaces.
Uma vez conhecidos os elementos básicos da trajetória
desejada (seu planejamento preliminar ideal), você deverá
simular como eles poderão interagir no caso específico
na dinâmica desejada. Isto é, como todos eles
irão trabalhar em conjunto durante a execução
do seu projeto. Nesse estudo devem ser identificados possíveis
obstáculos, riscos, falhas, pontos de atenção,
tempo mínimo de execução, desalinha mentos,
etc. Pense em possíveis soluções e alternativas.
Contudo, lembre-se, você pode alterar itens de planejamento
e objetivos intermediários segundo os riscos e dificuldades
previsíveis, mas mantenha sempre o objetivo final.
Atenção para não cair na tentação
da “desistência fácil”. Aquilo que
caracteriza as pessoas fracas de propósito que desistem
dos seus sonhos perante aos menores obstáculos. Seja
persistente! Uma batalha só termina quando um dos lados
desiste de lutar!
Na próxima semana continuaremos com o estudo dos fatores
iniciais na busca dos seus sonhos!
Marcos
Pontes
Colunista,
professor e primeiro astronauta profissional lusófono
a orbitar o planeta, de família humilde, começou
como eletricista aprendiz da RFFSA aos 14 anos, em Bauru (SP),
para se tornar oficial aviador da Força Aérea
Brasileira (FAB), piloto de caça, instrutor, líder
de esquadrilha, engenheiro aeronáutico formado pelo
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA),
piloto de testes de aeronaves do Instituto de Aeronáutica
e Espaço (IAE), mestre em Engenharia de Sistemas graduado
pela Naval Postgraduate School (NPS USNAVY, Monterey - CA). |